O Espaço Cultural Vovó Conceição encontra-se instalado no território do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, conhecido como Terreiro da Casa Branca, na Avenida Vasco da Gama, na baixada do Engenho Velho da Federação. A ocupação desta área da cidade se deu com a chegada do referido Terreiro de Candomblé, o primeiro da cidade, na época em que a mesma era apenas constituída por elementos naturais e fora da cidade construída. Entretanto, o crescimento urbano atingiu a localidade, sendo hoje caracterizada por um forte adensamento populacional, com habitações populares e população de baixa renda. E, pelo crescimento da população negra local (mais de 85%) e a quantidade de Terreiros que ali se implantaram, é reconhecida simbolicamente como um Quilombo Urbano de Salvador.
Com o Espaço, a comunidade é beneficiada na medida em que
cresce a participação nas atividades da Associação, especialmente, por meio do
recorte de gênero, em cada turma de mulheres é formada em corte e costura e bordado,
aprendizados permitem a inserção no mundo do trabalho e a venda de produtos. Em períodos de maior produtividade uma turma de 30 mulheres
chegou a auferir mensalmente entre ter mil e cinco mil reais.
Destaque-se o fato de que as ações culturais de matriz
africana permitem a saída de muitos do foco de um ambiente marcado pela
violência, bem como uma oportunidade de inserção social e no mundo do trabalho. Além disso, devido à crescente e absurda
violência contra as mulheres, as ações permitem um engajamento econômico, como
já foi dito, mas também espaços de diálogo psicossocial e de encaminhamento de
denúncias de violações de direitos das mulheres.
Outro benefício é ser
um instrumento contra a intolerância religiosa, porque as atividades de costura
e bordado tradicional de matriz africana, oferecidas pelo Espaço Vovó
Conceição, têm permitido um grande entrosamento entre a comunidade local
interna e externa à comunidade religiosa do candomblé, pois têm:
- oferecido condições de resgate do
conhecimento da costura tradicional de uso litúrgico;
- formado pessoas religiosas de outras
comunidades, fortalecendo a rede de relações comunitárias;
- proporcionado condições de
geração de renda para mulheres sem oportunidades;
- permitido a troca de experiências e
saberes tradicionais complementares à atividade;
- permitido a redução da intolerância
religiosa local, na medida em que oferece oportunidade a vizinhança que
também é adepta de outras religiões.